Matheus Arcaro é Mestre em Filosofia pela Unicamp. Professor de Filosofia, Sociologia e História da Arte. Escritor com obras publicadas em conto, romance, poesia, infantil e filosofia. O umbigo de Adão é seu oitavo livro. 

 

O UMBIGO DE ADÃO

 

O umbigo de Adão “O umbigo de Adão” se apresenta ora como problematização de Filosofia, ora como prosa poética reflexiva, ora como questionamento sobre política ou educação, ora como proposição sobre relacionamentos humanos, mas nunca como veículo da verdade. Ao contrário: o umbigo de Adão é possibilidade. São impressões de Matheus Arcaro sobre a existência, perspectivas despretensiosas sobre assuntos variados que podem se enfiar pelas brechas de quem lê, causar algum incômodo ou satisfação e, se bem-sucedidas, transformar-se em potência vital. 

 

Por Whisner Fraga

 

o que você encontrará aqui?, nestas duzentas e poucas páginas?:
caminho, emboscada, conluio, encruzilhada, desvio, atalho, pensamento, escolha, reflexões,
travessia,
ser: como se reconfigurar, em incerto e implacável diálogo?,
por isso não vou nomear o que se passa neste livro,
aforismos?, também,
mas é algo mais dilatado, pulsante, uma confabulação entre você, leitor, e a memória, o desejo, uma conversa mediada pela inquietação de matheus arcaro,
rumo à compreensão!, ou, melhor ainda, à dúvida,
não há imobilidade, ao contrário, há o fluxo impetuoso das transmutações, é isso: o embate cru, as provocações primordiais nos dias de hoje, que só almejam o conflito acessível, o embate a um clique,
nunca se tratou de certo ou errado (ainda que, em alguns casos, isso importe), mas de apontar contrassensos, de aconselhar: venha aqui, puxe a cadeira, ouça, pondere, os argumentos estão aí, 
e sem dispensar o lirismo e a ironia, marcas registradas de matheus arcaro, que transforma em algo coeso e esteticamente desafiador estes textos arranjados nestes umbigos de adão, 
o rigor científico, presente inclusive, no agrupamento dos textos, na separação das partes, na fundamentação, nas referências: muito mais do que meras homenagens,
há algo de bruxaria nesta capacidade de chamar todos para a conversa, de aceitar a divergência, de acolher, com a paciência do mestre, até as premissas sem critérios, de partir do básico, 
saber exatamente por onde começar, como se fosse o albatroz de baudelaire alongando as asas para a decolagem.

 

Por Isadora Petry

 

O umbigo de Adão é um livro-bomba. A começar pelo estilo, onde não se sabe se estamos diante de uma obra filosófica ou literária, escrita em prosa, poesia ou aforismo à la Nietzsche, ou se estamos a adentrar algo novo, que explode e mistura todos os gostos e todos os estilos com finesse, “espírito de finura”. Em seu oitavo livro, Matheus Arcaro combina sua rigorosa formação filosófica, artística e literária em uma única obra, mescladas com o olhar de quem se interessa pelas rachaduras e fissuras da existência, de tudo que tange ao que é humano, demasiado humano. Nesta obra, Arcaro passeia pela filosofia, pela literatura, pela vida, pelas ruas e vielas, convidando-nos à arte do espanto, à renovação de que a vida mesma se encontra no detalhe, como no caso da criança cujo olhar penetra no buraco da fechadura e, num relance, abre-lhe o mundo: como no umbigo de Adão dentre as 343 figuras na Capela Sistina.