Carla Dias nasceu em Santo André (SP). Escritora, baterista e produtora de eventos culturais, autora de oito livros, quatro premiados por editais culturais: Os estranhos, Jardim de Agnes e Estopim (ProAC - Programa de Ação Cultural) e Baseado em palavras não ditas (Edital de Publicação de Livros na Cidade de São Paulo). Participante das antologias Retire aqui a sua história e Esboços e rupturas (Editora Sinete), com autores colaboradores do coletivo Crônica do Dia.

 

PRISÃO, FLORES E LUAR

 

No romance Prisão, flores e luar, uma mulher se tranca em seu apartamento durante um fim de semana, determinada a refletir sobre o seu papel no mundo e a provocar mudanças necessárias na sua história. Os devaneios, guiados pela prosa poética, misturam realidade e ficção durante o processo, levando a personagem a navegar pela urgência em questionar a tudo e a si mesma, usando a solidão infligida como recurso para sua catarse.

 

Por Patrícia Correa

 

Devagar nos sentamos numa sala sem sofá, apenas com tapetes e almofadas. Devagar ainda, deixamo-nos embriagar com água e dançamos ao som de uma caixinha de música, mirando o quadro empoeirado da parede ou nos cegando de tanto olhar fixamente para o lustre. Sorrateiramente, ela nos coloca ali, observando um caso entranhado de amor, sem que abra qualquer possibilidade de interferência. Um amor frenético pela vida em constante flerte com a morte. Quando nos damos conta, estamos diante de uma intimidade escancarada e intocável, como numa tela de cinema. É assim que Carla Dias nos leva sem reservas para o seu labirinto. O apartamento que a abriga testemunha seu diálogo com a solidão e nos enreda em palavras tramadas nos poemas e prosas da sua mais recente obra, Prisão, flores e luar.