Por Patrícia Correa
Devagar nos sentamos numa sala sem sofá, apenas com tapetes e almofadas. Devagar ainda, deixamo-nos embriagar com água e dançamos ao som de uma caixinha de música, mirando o quadro empoeirado da parede ou nos cegando de tanto olhar fixamente para o lustre. Sorrateiramente, ela nos coloca ali, observando um caso entranhado de amor, sem que abra qualquer possibilidade de interferência. Um amor frenético pela vida em constante flerte com a morte. Quando nos damos conta, estamos diante de uma intimidade escancarada e intocável, como numa tela de cinema. É assim que Carla Dias nos leva sem reservas para o seu labirinto. O apartamento que a abriga testemunha seu diálogo com a solidão e nos enreda em palavras tramadas nos poemas e prosas da sua mais recente obra, Prisão, flores e luar.