Vocabulário de memórias ausentes | Sergio Geia

 

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Alguém já disse que difícil mesmo é escrever fácil, porque demanda coragem. Mas essa é uma arte que Sergio Geia domina. Em vez de inventar malabarismos linguísticos, Sergio usa as palavras com economia e elegância únicas. As letras viram ferramentas para transformar em arte a verdadeira matéria-prima da boa literatura: aquilo que a gente sente. Nem sempre são sentimentos bonitos (como em alguns momentos de Pequena despedida), mas neste livro eles são inteiros. Às vezes, vêm com a leveza de Voz e violão; e outras, numa tensão crescente que chega a sufocar, como em As azaleias não brilham mais.


Além disso, o autor também mostra sua habilidade em forma e conteúdo ao expor as contradições humanas. Nestes contos, a doçura e a dor andam lado a lado. A vida e a morte se apresentam como as inevitáveis e inseparáveis companheiras que são. E a cada linha, vamos saboreando um pouco mais deste banquete de opostos que parecem se contrapor, mas que no fundo se complementam.


Antes que o leitor embarque na leitura, um aviso: tal qual Sergio, você também vai precisar de coragem para encarar as verdades presentes nestas páginas. Mas como prêmio, terá o prazer de encontrar a inteireza daquilo que nos faz humanos, com toda a aspereza e beleza que a vida tem.

 

Jander Minesso